Com o recente lançamento da nova estação
espacial chinesa você pode estar se perguntando por que a China nunca esteve na ISS. Você pode olhar a lista de pessoas que já
estiveram por lá só para ter certeza. E realmente, não tem nenhum taikonauta ao
longo dos mais de 20 anos da Estação Espacial Internacional. Uma lei americana, conhecida como Wolf Amendment,
garante isso desde 2011. Então, vamos falar sobre isso! A Estação Espacial Internacional é o maior
projeto colaborativo da história da exploração espacial até agora. Mais de 240 pessoas de 19 países diferentes
estiveram na estação espacial ao longo de toda a sua história. Tem uma lista inteira no site da NASA com
todas as pessoas que foram para lá e a quantidade de vezes que elas foram. A agência começou a pensar na construção
de estações espaciais em órbita do planeta já na época do Programa Apollo. A ideia naquela época é que uma estação
poderia servir como uma base intermediária de onde naves para missões para a Lua ou
para Marte poderiam partir. A ideia evoluiu ao longo do tempo em meio
às necessidades financeiras da NASA e os apoios políticos que ela recebia para cada
projeto. E na década de 70 um projeto de uma estação
espacial permanente em órbita do planeta começou a tomar forma, mas seria um projeto
MUITO caro. E o Ônibus Espacial surgiu como uma possível
solução para diminuir os custos. No final das contas o Ônibus Espacial acabou
entrando em operação bem antes de um plano de construir uma estação espacial de fato
tomar forma. Em 25 de Janeiro de 1984 o presidente Reagan
fez seu discurso anual para o congresso americano – o State of the Union, declarando seu apoio
no projeto de construção de uma estação espacial. Veja só: Ao longo dos próximos anos várias propostas de design foram feitas e que culminaram na
famosa Estação Espacial Freedom com acordos assinados com a Agência Espacial Europeia,
com o Canadá e com o Japão. No começo dos anos 90 perceberam que o custo
dessa estação seria alto demais e a aprovação orçamentária não aconteceria, então outras
propostas começaram a aparecer. Em 1993, depois da queda da União Soviética,
o presidente Bill Clinton convidou a Rússia para fazer parte do programa. O país contribuiria para o programa com módulos
que foram inicialmente construídos para a estação MIR-2. E esse projeto todo acabou se tornando a Estação
Espacial Internacional. E a China não foi convidada para participar. Até aquela época apenas a União Soviética/Rússia
e os Estados Unidos tinham colocado pessoas em órbita. É claro que pessoas de outras nacionalidades
voaram para o espaço antes disso, mas não em veículos de seus próprios países. Mas, ao longo dos próximos anos a China continuou
trabalhando duro no seu programa espacial tripulado, o Shenzhou. Depois de algumas missões não tripuladas
em 1999, 2001 e 2002, a Shenzhou 5 decolou no dia 15 de Outubro de 2003 com o taikonauta
Yang Liwei. Ao longo dos anos que se seguiram, a China
lançou duas estações espaciais, a Tiangong-1 e a Tiangong-2, que ajudaram no teste de tecnologias
que seriam usadas na Tiangong, a estação que teve seu primeiro módulo lançado recentemente. Em uma das missões tripuladas, a Shenzhou
7, a primeira com 3 tripulantes à bordo, até mesmo uma caminhada espacial foi realizada. Com a aposentadoria dos Ônibus Espaciais
se aproximando, algumas conversas sobre possíveis colaborações da China com os parceiros da
ISS começaram a surgir. Afinal, a perspectiva de ter só a Soyuz para
levar astronautas para a ISS ao longo de vários anos não era boa. Mas essa parceria nunca passou de comentários
soltos. E em 2011, uma lei proibiu a NASA de usar
verba governamental em projetos de cooperação bilateral com o governo da China ou com organizações
privadas chinesas sem autorização tanto do FBI quanto do congresso americano. Essa lei ficou conhecida como Wolf Amendment
por ter sido encabeçada pelo político americano Frank Wolf, um grande crítico do país. A preocupação de muitos políticos americanos
em relação à espionagem e roubo de tecnologia para aplicações militares é bastante presente
há muito tempo. E é claro, algumas coisas no histórico espacial
da China não ajudam nisso tudo. Coisas como a despreocupação das autoridades
chinesas com estágios de foguete caindo em áreas povoadas e o fato de terem destruído
um satélite com um míssil em 2007 e gerado um campo de destroços imenso. E apesar de não proibir 100% de cooperação
já que em alguns casos e com autorização é possível que aconteça, essa lei significou
a impossibilidade de cooperação da China na ISS. E esse assunto voltou à tona recentemente
quando Bill Nelson, o administrador atual da NASA, indicou ser a favor de fazer com
que a Wolf Amendment se torne permanente. Quando o jornalista Eric Berger comentou sobre
isso no twitter, até Elon Musk respondeu, dizendo:
“Nada de errado com uma competição saudável, mas isso parecer se um pouco exagerado. Seria legal se uma espaçonave pudesse viajar
de uma estação espacial para outra (o que é bem mais difícil do que parece)”. Aliás, um adendo: você sabia que Bill Nelson
foi um dos tripulantes da Columbia na missão STS-61-C, que voou em Janeiro de 1986? Pois é, nem eu sabia. Fica aí a informação. Apesar de haver razões sérias e bem embasadas
para um certo cuidado em relações bilaterais dos Estados Unidos com a China, afinal, bastante
coisa de tecnologia aeroespacial também tem aplicações militares, quanto mais o tempo
passa, mais difícil fica de justificar esse tipo de banimento. Em 2019 a China pousou um lander na face ocultada
Lua pela primeira vez na história na missão Chang’e 4. E junto a esse lander um pequeno rover. No fim ano passado a China pousou uma sonda
na Lua que coletou quase 2 kg de amostras de solo lunar e os retornou para a Terra. A última vez que amostras da Lua foram trazidas
para a Terra foi na missão soviética Luna 24 em 1976. Em Abril o primeiro módulo da estação espacial
chinesa foi colocado em órbita. Em Maio desse ano o rover Zhurong pousou na
superfície de Marte e retornou imagens fantásticas da superfície. Em junho desse ano 3 astronautas foram lançados
na missão Shenzhou 12 e vão passar cerca de 3 meses na nova estação chinesa. Aliás, recentemente, no dia 4 de Julho, dois
taikonautas dessa missão realizaram a segunda caminhada espacial da história do país. Eles saíram da estação e instalaram equipamentos
que seriam usados em futuras missões ao longo de quase 7 horas de atividade. E como você pode ver, as imagens compartilhadas
pela China são surpreendentes. Para qualquer um prestando atenção no desenvolvimento
do programa espacial chinês ao longo da última década, as conquistas do país e o progresso
rápido são óbvios. E com conversas sobre uma possível cooperação
entre Rússia e China para construção de uma base lunar, o país pode realmente se
tornar a maior potência espacial do mundo. E quando volta a olhar para o contexto da
Guerra Fria e lembramos da missão Apollo-Soyuz em 1975 com o famoso aperto de mãos entre
cosmonautas e astronautas, fica ainda mais estranho encarar essa lei. Assim como a Apollo-Soyuz, as missões dos
Ônibus Espaciais para a estação MIR e a própria Estação Espacial mostraram, a cooperação
internacional no espaço é uma ótima ideia e deve ser encorajada. E ao meu ver, com os crescentes avanços no
setor aeroespacial tanto privado quanto público, vai ser cada vez mais difícil defender esse
tipo de banimento. E a gente deve ver algumas discussões sobre
isso nos próximos anos. Então, por enquanto é isso. Eu vou ficando por aqui e até a próxima!
Poderá ver o vídeo no youtube Aqui
Não perca tempo, faça sua formação online!
Em situações de emergência, a iluminação é um componente vital para a segurança das pessoas… Read More
Como adquirir um bom sistema de transporte para a sua empresa? Nem todos os negócios… Read More
Arquitetura é uma arte antiga que remonta às primeiras civilizações. A arquitetura é o projeto… Read More
ÇA AOS 26 ANOS ELA ESTAVA EM UM AVIÃO BIMOTOR QUE CAIU A TARDE NA… Read More
FILHINHO DE PÉ. AMIGOS ARTISTAS E PARCEIROS DE PALCO DE MARÍLIA LAMENTARAM A MORTE DA… Read More
Olá, eu sou Priscila Santos, eu sou médica mastologista aqui do Instituto Amato. Hoje nós… Read More
This website uses cookies.
Read More